quinta-feira, 2 de outubro de 2008

The Great Gig In The Sky

AFP/Patrick Hertzog / Fundador do Pink Floyd Richard Wright (ao centro), ao lado do guitarrista David Gilmour (à esq.) e o baterista Nick Mason
Richard Wright, do Pink Floyd, morre de câncer aos 65 anos

Richard Wright, tecladista do Pink Floyd e fundador da banda, morreu na segunda-feira depois de uma curta batalha contra o câncer, disse seu porta-voz. Ele tinha 65 anos. Junto com o guitarrista Roger Waters, o baterista Nick Mason e o guitarrista Syd Barret, Wright formou o Pink Floyd anos 1960, quando eles eram estudantes. Formaram inicialmente a banda Sigma 6, que depois se tornaria o Pink Floyd. A banda tornou-se um dos ícones do rock.

"A família de Richard Wright, membro fundador do Pink Floyd, anuncia com grande tristeza que Richard morreu hoje, depois de uma rápida batalha contra o câncer", disse seu porta-voz em um comunicado. "A família pediu que sua privacidade seja respeitada nesta hora difícil."

Wright é co-autor de cinco faixas do disco "Dark Side of the Moon", que foi lançado em 1973 e passou 14 anos na parada de 200 álbuns mais populares da Billboard. O disco é um dos mais vendidos na história da música. Também escreveu algumas das canções de discos famosos como "Meddle" (1971) e "Wish you were here" (1975). Durante a gravação de "The Wall" (1979), Wright teve que abandonar a banda por suas diferenças irreconciliáveis com Waters. Ele voltou à banda em 1987.

Autor de dois discos solos, "Wet dream" (1978) e "Broken China" (1996), o músico continuou colaborando com o Pink Floyd, sobretudo após a saída de Waters da banda, em 1985.

Fonte Gazeta do Povo & Estadão




David Gilmour & Richard Wright - Breathe/Time
Live at The Royal Albert Hall 2006

Richard Wright compôs The Great Gig In The Sky, interpretada por Clare Torry e sua belíssima voz. Encontrei a versão abaixo. Não consta nem onde nem quando foi gravada, mas apresenta a interpretação de Bianca Antoinette. Muito, mas muito parecida com a original que Clare Torry gravou em 1973. O som não é dos melhores, mas fica como registro:






And I am not frightened of dying. Any time will do; I don't mind.
Why should I be frightened of dying? There's no reason for it—you've gotta go sometime.*

*Citação feita nos primeiros segundos de The Great Gig In The Sky. Curiosa coincidência.


Cresci junto com o Pink Floyd. Aos oito anos ouvia pela primeira vez o recém lançado álbum The Dark Side of the Moon. Costumava ouvir a fita cassete no banco de trás do fusca do meu pai. Lembro até hoje do impacto que aqueles relógios causavam em mim. Tentava contá-los, mas no fim era ensurdecedor. Lembro também do vocal em The Great Gig in the Sky. A sensualidade da voz da Clare Torry, era algo que eu ainda não sabia nomear. Hoje sei!

Durante a década de 70 e 80, colecionei um a um, os álbuns que o Pink Floyd lançou. Lembro-me da expectativa dias antes do lançamento do álbum The Wall. Fui um dos primeiros a comprá-lo, quando foi lançado em minha cidade. Tinha 18 anos.

Aos poucos a história contada no disco foi me contagiando de tal forma que quando o filme foi lançado devo ter assistido mais de vinte vezes. Minha adolescência e sua inexorável crise existencial tinham acabado de ganhar uma trilha sonora oficial. Hoje compreendo o conteúdo psicanalítico do The Wall. Aliás, tenho certeza de que o Dr. Freud teria adorado o filme. Não há psicanalista que não reconheça na identificação do Pink com seu pai ausente e toda a influência nefasta que os personagens invalidadores de sua infância causaram nele, os fundamentos da psicanálise.

Como o Pink após Comfortably Numb e sem saber da teoria, me identifiquei tanto com a história que resolvi raspar o cabelo. Lembro-me da cara de espanto que o barbeiro fez quando disse que queria raspar minha cabeça. Queria máquina zero, ele insistia em máquina três. Negociamos para máquina um. No total raspei três vezes minha cabeça: uma motivado pelo filme e duas outras em vestibulares.

Como todo fã, senti a saída do Rogers Waters em 1985, fiquei frustrado com o lançamento do The Final Cut e acompanhei indignado as diferentes trajetórias que se seguiram. De um lado um Pink Floyd cada vez mais comercial e do outro um Roger Waters cada vez mais pirado e menos musical. Teria sido uma herança de Syd Barret que Roger Waters não suportou?

Mas a frustração maior, senti hoje. Uma frustração que jamais poderá ser reparada: não assisti esse conjunto ao vivo. Esperava fazê-lo em breve. Agora é tarde. Fica aqui minha homenagem a Richard Wright. Rest In Peace.

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